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Mostrando postagens de maio, 2017

Antes de uma reforma política, uma reforma ética em um ponto

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Em geral vivemos muitas fantasias éticas, que acredito estarem no núcleo dos problemas de corrupção de uma sociedade, como a nossa. Um pobre que conheceu a injustiça de um trabalhador, vivendo um longo tempo a combater tal coisa, desenvolveu uma virtude para essa situação. E todos passaram a confiar nele por causa dessa virtude, inclusive o pobre espírito que encarou seu conhecimento daquela realidade como sendo virtude. A fama e a fé o levou aos grandes centros urbanos, onde a politicagem reinava sob a corrupção. Novas situações, mas a fé de que sua virtude de empatia daquela situação seria de alguma maneira transformada em novas virtudes de deliberação moderada e honestidade permanecia. Passado um tempo, escândalos e decepções, por parte de toda sociedade. Todos estão correndo atrás de soluções nas estruturas corrompidas de poder. Novas estruturas de poder sem novas estruturas éticas? Fantasias e fantasias, se não houver uma reforma ética na maneira como enxergamo

Quando o (des)afeto no todo nos cega quanto ao caráter de uma de suas partes

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Muitas discussões são infrutíferas porque não levamos em conta certas relações entre as coisas. Vejamos o exemplo de um projeto de lei no Congresso. Você pode reconhecer o caráter benéfico de alguns pontos do projeto. Mas isso não implica o mesmo reconhecimento para o restante do projeto. Muito menos o mesmo para um governo que deu um golpe à la parlamentar em sua velha companheira. "São coisas bem diferentes!" é outra maneira de dizer que inferir que por reconhecer partes boas num projeto é no fim reconhecer um bom governo é uma má inferência. Mas as pessoas discutem, e até se odeiam, como se essa inferência fosse legítima. Colocada nesses termos, racionalmente não é. Porém tem uma força aí que nos faz ainda sustentar e brigar segundo essa má inferência. Parece que (psicologicamente) o desafeto a qualquer coisa "maior" que "abarca" algo "menor" nos faz rejeitar mais facilmente tudo que é "menor" e "abarcado&quo

Eu sou meu corpo. E ainda assim creio.

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Uma analogia tão simples e tão poderosa, uma revolução em minha convicção de mundo e vida, especialmente numa incipiente visão materialista! A semente só morre quando a terra se encontra em uma condição em que uma nova planta nasce. Dois organismos e um mesmo ser. A planta não é a semente. Não apresentam o mesmo organismo (funcionalidade e composição corporal). Onde está a nossa planta, mesmo não acreditando em alma ou espírito, como algo imaterial ou divino? (Linguagens secundárias, como diz Rorty, que não diminuem o valor ético e moral da corporificação viva do mundo.) Para Aristóteles não fazia sentido uma alma imortal em um corpo mortal. Tudo era corpo. Eu sou meu corpo. E ainda assim creio, como o apóstolo Paulo, que escandalizou a tantos com esta analogia. A ressurreição é uma metatransformação de nosso ser. A morte é apenas a semente adormecida na terra, aguardando... Há muito a dizer e descobrir, essencialmente na linguagem, antes mesmo do mundo. Talvez