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Mostrando postagens de abril, 2018

A lógica de ser pai

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A lógica nem sempre obedece uma lógica, assim como o pai nem sempre é pai. Pensando a essência da lógica, bem distinta de como é vista comumente na atualidade, acabei pensando a essência da minha própria paternidade, já que agora vou ser (!) pai de mais um menino. O primeiro contato geralmente com a lógica se dá por alguma estrutura formal. Aprende-se, então, a validar alguns argumentos, após formalizá-los em alguma inferência formal. Com o tempo, operadores formais se tornam (!) leis do pensamento, do modo como ocorria entre modernos e medievais. Isto é, aquilo nos faz pensar de determinada forma, ou mesmo o que nos caracteriza como racional, é lógico. Nesse sentido, somos racionais porque pensamos logicamente. Mas desde o início do século XX, por causa de certas provas formais, surgiram várias lógicas (o pluralismo lógico). Ganhou força o pragmatismo, em suas variadas formas, que não apenas passou a questionar a noção de verdade como fundamental na lógica (formal), como

Um leve ajuste na tradução de João 15:15

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"Já vos não chamarei servos [δούλους], porque o servo [δοῦλος] não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer [ἐγνώρισα]." (João 15:15, ACF). Quero chamar a atenção para "servo" e "conhecer". 1. O substantivo (transliterado sem acento) doulos (δοῦλος), em versões mais antigas, era traduzido por “escravo”, mas muitos tradutores passaram a optar por “servo”. A razão da adoção por “servo” é evitar alguma conotação negativa de injustiça, como uma espécie de submissão violenta e forçada, como coloca Hendriksen (2011, p. 52). 2. Ao usar doulos, Jesus provavelmente estava fazendo uso do seu sentido de instrumento, não de “explorado” (injustamente). Quase 300 antes, na Ética de Aristóteles (1161b1-8), havia esse entendimento: “o escravo [doulos] é uma ferramenta viva tal como uma ferramenta é um escravo [doulos] sem vida. (...) Portanto, não pode haver amizade com um escrav

Lula, redes sociais e Sellars

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(Direto do Facebook). Sellars: “agarrar um conceito é dominar o uso de uma palavra” (BRANDOM, 2000, p. 6). O que vou falar tem muito haver com o que aconteceu ontem, especialmente aqui nas redes sociais, nos variados gestos (!) afirmativos e negativos, de apoio e repúdio a  # Lula , com charges, xingamentos, indiretas etc. Já falei sobre isso em outros momentos, em algumas postagens, mas volto a reforçar algo sobre os nossos "movimentos discursivos". A proposta aqui é expressiva ou elucidativa da natureza de nossos "gestos", não do seu mérito, se bom ou ruim. Alguns desses gestos são "Lula Livre!", "Esquerda fede!", "Não tenho político de estimação!", "Isentão!", "Defendo o pobre!", "Você defende o rico!" etc. E também vão entender o quão é difícil para mim me expressar por aqui sem o receio de perder preciosas amizades. Um  # gesto  é uma  # expressão . Nos casos mais simples (!), o gesto esgota u

Uma controvérsia na tradução de Mateus 16:23

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"Mas ele, voltando-se, disse a Pedro [Πέτρῳ]: Sai [Ὕπαγε] de diante de mim [ὀπίσω], Satanás [σατανᾶ]; tu és para mim uma pedra de tropeço [σκάνδαλον], porque não cuidas das coisas de Deus, mas sim das dos homens." (Mateus 16:23, Sociedade Bíblica Britânica). Há uma outra possibilidade para compreender essa passagem, que acredito mais simples e natural com os versículos mais próximos do capítulo. Vejamos antes estes seguintes pontos. 1. O nome "satana" [σατανᾶ], recebe tradicionalmente no NT a tradução "Satanás", porém, numa "leitura clássica", as opções são "oponente" ou "adversário". 1.1. O portal BibleHub adota o caso vocativo desse nome, por isso o nome próprio "Satanás" (Σατανᾶ). 1.2. O Perseus Hopper, especificamente Westcott e Hort, adota o acusativo, mas mantém em maiúsculo, como se fosse um nome próprio. 1.3. Tischendorf 8th Edition Greek New Testament mantém minúsculo. 2. Veja o jogo sem