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Mostrando postagens de 2015

Retrospectiva 2015

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Este foi um dos anos mais marcantes da minha vida. Foi um turbilhão de sentimentos e de novos conhecimentos. No registro do ano passado, aguardava o resultado do ENEM para o curso de Filosofia, e já estava envolvido em alguma pesquisa por contra própria. Foi tudo mais do que esperava. Os primeiros quatro meses foram de muita adrenalina. Muitas amizades novas com alunos e professores - alguns se tornaram especiais. Filosofia Antiga, Lógica Aristotélica, Mitologia, Ética, entre outros, adorei tudo! Especialmente na Ética a Nicômaco, incrível ter percebido conceitos essenciais na discussão da responsabilidade humana numa ótica determinista - no futuro isso pode ser importante para contribuir numa Teologia Reformada ou Filosofia da Religião. Inevitavelmente cresci com essa ética, ao ponto de ter aplicado para reflexões cotidianas em questões de política, que novamente me inquietaram. Nesse contexto, também tomei uma posição mais moderada sobre vários assuntos, além da política.

Tradução do grego e comentários de 1 Coríntios 15:35 e Lucas 23:42-43

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Seguem traduções e comentários de algumas passagens bíblicas a partir do grego. 1 Coríntios 15:35 No grego, 1 Coríntios 15:35 é: "Ἀλλὰ ἐρεῖ τις Πῶς ἐγείρονται οἱ νεκροί, ποίῳ δὲ σώματι ἔρχονται;". A tradução corrente é: "Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão?". No entanto, traduzindo, cheguei a: "Mas alguém questiona: Como os cadáveres despertam, chegam em que tipo de corpo?". Perceba, nessa minha tradução, a dificuldade que o interlocutor está colocando: uma dificuldade aparentemente sem solução. Algo assim: "como é possível conceber que corpos necrosados, ou sem pernas, ou sem mãos, ou sem cabeça, ou só pó, possam voltar a ser como antes? Exceto se for algum tipo de corpo especial, mas qual é?". Essa dificuldade, contudo, praticamente desaparece com aquela tradução corrente, diminuindo assim o melhor sentido do versículo, e o problema colocado pelo interlocutor em torno da questão do co

Perdendo a fé...

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Às vezes, é necessário conversar consigo mesmo, e organizar os pensamentos, numa escrita, de modo a tornar mais clara a confusão sentimental e mental. Uma dessas coisas é a dor, na alma, no momento, diante de uma grande multidão de opiniões imprudentes, ao meu redor, em face das calamidades. Não parecer haver, de fato, virtude nas massas. Todos parecem se sentir justos, porque buscam opiniões justas. Ou bons, porque opinam a respeito da bondade. Ou verdadeiros, porque descobriram verdades. Como se tendo o conhecimento do que é uma boa saúde, logo se tornassem saudáveis. Alguns perdem a fé com as próprias adversidades, outros com a desumanidade da multidão diante delas. As primeiras podem ser internas à pessoa ou podem ser distantes, em outro país. As segundas podem ocorrer virtualmente, numa rede social, até dentro de um local de fé, numa igreja, ou em si mesmo. Mas que fé é essa que se perde? Como ela se forma? Pois a primeira perdi há muito tempo, e a segunda também estou pe

Debate não é embate

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Debate não é embate. Recentemente conversando com um amigo tentei passar o meu sentimento do que vejo muito por aí, intitulado de "debate", quando na verdade é um embate. O debate busca promover o entendimento de diferentes posições, com mesma oportunidade de voz, como numa espécie de retórica heurística: descobertas podem acontecer. E só quem ganha é o público, não excluindo os debatedores. Nos dias de hoje, isso passou a ser chamado de "diálogo", para se diferenciar do debate comumente praticado. No entanto, até "diálogo" está sendo feito ao espelho, entre "debatedores" de mesma posição. Já o embate busca promover um vencedor. Enquanto um fala, o outro já pensa na resposta. Enquanto o outro fala, parte do público faz barulho para abafar a voz do inimigo de seu campeão. A retórica é a arma mais eficaz, não excluindo momentos de paz, em meio a guerras. Difícil saber quem ganha, depende do volume dos partidários. Isso é geralmente

O caçador e o jardineiro

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É melhor ser um caçador ou um jardineiro? A caça uma vez conquistada não pode ser reconquistada, é preciso partir para outra, assim que a lembrança do prazer se dissipa. Mas a próxima também não dura. E o ciclo da caça nunca acaba, até que o caçador não mais respire. O jardim uma vez construído, não permite pensar em outro, ou precisa ser mantido ou melhor desenvolvido, enquanto há forças para tal. Enquanto existir, o trabalho nunca termina, mesmo quando o fôlego do jardineiro expira. Como o jardineiro se sentiria caçando ou o caçador fazendo jardinagem? Para o caçador, o jardim seria uma estratégia para atrair o visitante, deixando-o mais confortável, confiável, satisfeito ou maravilhado com esse lugar. E apesar da maior dificuldade em ferramentas tão atípicas, não deixaria, contudo, de alcançar mais uma caça, mais um ciclo de prazer. Tão logo a lembrança dissipasse, um novo jardim começaria a ser reconstruído. O jardineiro também faria um novo jardim. Vestiria tam

A alienação atual em torno da noção de tamanho físico

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Impressionante como a noção física de tamanho aliena a geração atual. Estou cansado de ver argumentos, especialmente visuais, colocando todo o drama humano, seja de qualquer natureza (política, religiosa etc), como algo, em última instância, menos significante, geralmente ao que o argumentador (autor ou compartilhador da postagem) considera como mais relevante, porque há algo astronomicamente maior. A premissa maior implícita aqui é: tudo que é astronomicamente maior é o que importa. Nesse sentido implícito, quando o argumentador encontra algo como, sua fé, sua confiança, sua posição, sua ciência, seu conflito, enfim, algo que provavelmente ele não concorda ou não tem simpatia em você, então pega essa sua premissa menor, e conclui que isso em você não importa, no fim das contas. E você acaba se passando por um idiota ao lutar por tais coisas. Resumindo, a forma desse raciocínio é assim: Premissa maior: Tudo que é astronomicamente maior é o que importa Premissa menor:

2ª Edição do Curso de Desenvolvimento de Aplicações de Alto Desempenho em Java

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São 10 vagas para concorrer a bolsas de estágio na Phoebus! Leia as informações com atenção do panfleto.

Uma lição ética de Aristóteles: amigos virtuosos não se convidam.

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"Queixas e recriminações ocorrem unicamente ou principalmente nas amizades basadas na utilidade, como é de se esperar. Numa amizade baseada na virtude , cada uma das partes anseia por beneficiar a outra, uma vez que é isso que caracteriza a virtude e a amizade; e na medida em que rivalizam entre si outorgar benefícios e não em os obter, não é possível que surjam queixas ou desentendimentos, visto que ninguém se zanga com aquele que o ama e o beneficia, mas, ao contrário, se é uma pessoa de bons sentimentos, retribuirá com préstimos. E um indivíduo que supera o outro na prestação de benefícios não terá nenhuma queixa de seu amigo, posto que ele obtém o que deseja, e o que todo homem deseja é o bem" (p. 259). "Conclui-se que seria de bom alvitre mantermos nosso interesse quanto a convidar nossos amigos para que compartilhem de nossa boa fortuna (já que é nobre conferir benefícios), mas que devemos relutar em convidá-los para virem até nós no nosso infortúnio (já q

Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ Λόγος, καὶ ὁ Λόγος ἦν πρὸς τὸν Θεόν, καὶ Θεὸς ἦν ὁ Λόγος. (Como Deus e não Deus?)

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Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ Λόγος, καὶ ὁ Λόγος ἦν πρὸς τὸν Θεόν, καὶ Θεὸς ἦν ὁ Λόγος. Estudando grego e analisando o texto de João 1.1 fica muito clara uma certa distância (relevante?) das traduções mais comuns, provavelmente motivadas em evitar certos questionamentos, especialmente para leigos ou iniciantes. E isso sem analisar ainda o contexto autoral de "arché" e "lógos", nem os versículos seguintes. Geralmente as traduções são: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus". Porém cheguei a seguinte tradução: "O logos estava internamente  (estruturando) no princípio (que fundamentou todas as coisas que ocorrem no presente), e direcionado ao deus, logo como (do tipo) (um)  deus". Obviamente isso gera controvérsias ou questionamentos com a doutrina da trindade, talvez por isso algumas traduções são como são.  E eis algumas razões da minha tradução: 1. O verbo "ser" aparece no imperfeito do indica

Filosofia não é nada a não ser uma forma de estruturar raciocínios sem se preocupar com a verdade?!

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Um amigo no Facebook colocou uma postagem com a seguinte citação e questionamento: ""Filosofia não é nada a não ser uma forma de estruturar raciocínios sem se preocupar com a verdade." Qual a posição dos meus amigos a respeito disso?" O que segue foi a minha resposta, alguns minutos depois. Como estudante de Filosofia, é possível conhecer o que se quer dizer com essa frase, e até mesmo em que contexto, apesar de ser uma contradição. O contexto pode ser análogo a uma criança que enxerga os seres humanos como feitos de carne, unha e cabelo, porque seus primeiros contatos se restringem a isso. Ela não enxerga a possibilidade de uma sustentação ao corpo humano, o esqueleto. E essa "cegueira" ocorre por várias razões, até práticas: não consegue ainda ir até uma universidade ou escola, por si só, para aprender sobre o corpo humano, ou não tem ainda estado cognitivo para isso.  Nesse contexto, o autor dessa frase pode ter tido algum contato c

Países menos religiosos são menos violentos?! O que realmente diz o IGP!

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Quando paramos para realmente ler as fontes dos dados das notícias, descobrimos muitas coisas, até contrárias às próprias notícias.  Um amigo no Facebook compartilhou a seguinte notícia:  "Países menos religiosos são menos violentos, aponta estudo" . Inicialmente fiquei curioso nestes dois pontos: 1. "o conflito religioso na Sociedade é praticamente inexistente"; 2. "um ranking feito pelo sociólogo Phil Zuckerman mostrou que todos os países desse top 10, menos a Irlanda, estão entre os 50 menos crentes do mundo". A curiosidade aumentou quando percebi que estavam Portugal e Espanha entre esses 50 "menos crentes", já que historicamente são uns dos mais católicos do mundo. Além disso, procurei rapidamente no site do IGP e não encontrei nada claramente sobre religiosidade contra a paz. Aí pesquisei a partir da notícia no paradigmatrix.net, que aponta para JornalQ, que aponta para hypescience.com (!). Neste último tem um link pa

Parabéns pelos seus 7 aninhos, meu filho! Eis o que posso dizer...

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Meu filho, Muito do que digo hoje, você ainda não entende. Mas muito do que falamos, não é essencial em palavras. Muitas vezes conhecemos sem linguagem. Espero, então, que um dia entenda o que quero sempre dizer. Aquilo que é sempre constante, apesar das minhas mudanças, falhas... Eu te amo. E para conhecer a força inabalável do verdadeiro, pensamos a sua negação. Pois é negando algo verdadeiro, que descobrimos sua contradição, sua impossibilidade. Tentei pensar a sua perda, e não consegui, mesmo por alguns instantes. Por alguns instantes, fiquei perdido sem você. Seu cheiro, seu riso, seu choro, seu sono... É um amor ramificado em minha alma, e não há quem a tire. Pois quem a colocou, conhece a essência de todas as coisas (ditas e não ditas). Conhece também toda história (dos meios ao fim). Sem Ele, eu não te amaria assim. Sem Ele, eu não viveria assim, como se cada dia fosse uma gratuidade maravilhosa. Tudo ao lado de quem podemos amar e ser a

Em busca da essência...

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Eu sei como é, em certo sentido, quando sou incluído e excluído do todo, dito por aí. Ser ateu, quando todos são imorais. Ser evangélico, quando todos são hipócritas.  Ser religioso, quando todos são irracionais. Ser gay, quando todos são pecaminosos. Ser calvinista, quando todos são fatalistas. Ser inteligentista, quando todos são criacionistas. Ser cristão, quando todos são daquele grupo. Ser, quando todos não são. De fato, não faz sentido, é uma contradição. Ainda assim mostra algo, apesar de não dizer nada. Porque o caminho não está nessas palavras, ou mesmo, em palavras. O caminho da empatia não se atravessa olhando para ela. O justo não é quem fala sobre justiça. Tenta falar de empatia, a quem espera palavras, lançadas estão as pérolas aos porcos. A pérola de seu melhor esforço pedagógico ainda é menor diante do aprendizado prático. Só se passa por ele, passando. Sua essência não se capta em palavras, mas a reduz. Graça talvez seja a melh

Somos barro cósmico

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Este comentário, postado no meu Facebook, foi devido a  uma postagem da  ATEA , contendo a imagem a seguir. O melhor da ironia é o que acaba aparecendo depois, e multiplicado várias vezes! Antes, gostaria de dizer que sinceramente ignoro essas coisas, na maior parte do tempo, mas às vezes, comento algo. Veja só, na antropologia antiga, da qual herdou o cristianismo, homem não era só constituído de "pó do barro", mas também de "ar", e sob determinada "orientação", conforme este texto, por exemplo: "E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da v ida; e o homem foi feito alma vivente". Aí curiosamente descobrimos em que sentido o ser humano é feito de "pó de barro", pois análises químicas da composição do corpo humano e do pó da terra mostram elementos em comum: cálcio, ferro, magnésio, oxigênio, carbono, nitrogênio, fósforo, sódio, potássio, cloro, hidrogênio, enxofre etc. O que temos hoj

Em dois passos, você sai das aparências

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Há pouco me veio um breve pensamento, sobre coisas que não dá para resumir em algumas palavras, mas numa tentativa, posso estar falando da lógica da virtude, e sua aplicação prática, para nós. Siga até o fim o raciocínio. O que ignora uma mensagem cristã, pelas aparências, é tão extremo quanto o que a aceita, também por aparências, sem avaliar a essência dela. Há aqueles, que diante da aparência dos maus exemplos, em quantidade ou qualidade, ignoram analisar o conteúdo da mensagem, porém há os que, diante dos benefícios naturais ou das experiências sobrenaturais, aceita sem convicção alguma fazer parte dos que vivem dessa mensagem. É preciso um equilíbrio. E esse meio termo está exatamente entre os dois extremos. A virtude está entre dois vícios. Nem aceitar nem ignorar, mas desenvolver convicção para aceitar ou rejeitar. E não há convicção sem analisar a mensagem. E não há análise sem interesse sincero, uma espécie de virtude, o qual podemos incluir, pelo menos, moderação