A alienação atual em torno da noção de tamanho físico


Impressionante como a noção física de tamanho aliena a geração atual.

Estou cansado de ver argumentos, especialmente visuais, colocando todo o drama humano, seja de qualquer natureza (política, religiosa etc), como algo, em última instância, menos significante, geralmente ao que o argumentador (autor ou compartilhador da postagem) considera como mais relevante, porque há algo astronomicamente maior. A premissa maior implícita aqui é: tudo que é astronomicamente maior é o que importa.

Nesse sentido implícito, quando o argumentador encontra algo como, sua fé, sua confiança, sua posição, sua ciência, seu conflito, enfim, algo que provavelmente ele não concorda ou não tem simpatia em você, então pega essa sua premissa menor, e conclui que isso em você não importa, no fim das contas. E você acaba se passando por um idiota ao lutar por tais coisas. Resumindo, a forma desse raciocínio é assim:

Premissa maior: Tudo que é astronomicamente maior é o que importa
Premissa menor: Isso seu não é astronomicamente maior
Conclusão: Isso seu não é o que importa

Mas você não precisa só olhar para o céu para ter referências astronômicas. Veja cada ser vivo aqui na Terra, especificamente seu DNA. Agora compare com os dois: o software natural e o corpo adulto resultante dele. E o cérebro? Conhecido como o universo de 2,5 kg. Há outra referência também, da Neurociência, em relação ao que o homem pode alcançar com o mais potente supercomputador digital, que no fim das contas, não alcança o processamento integral e natural de qualquer cérebro de um mamífero (vide tese do cérebro relativístico de Miguel Nicolelis). São distâncias astronômicas e estão sabe aonde? "Em" nós! (E nem se falou aqui dos sistemas bioquímicos tão complexamente irredutíveis em você). Retomando então aquela forma de raciocínio, com um contra-exemplo, teríamos:

Premissa maior: Tudo que é astronomicamente maior é o que importa
Premissa menor: Tudo seu é astronomicamente maior
Conclusão: Tudo seu importa

Se é para ser alienado, então seja real-mente. 

Mas caso tenha estranhado a ambiguidade do termo "seu", ora algo que se acredita, afirma, critica ou conhece (e isso não é algo astronômico!) ora como algo físico, então notou o valor implícito, e não a necessidade verdadeira, da alienação vigente.

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