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Mostrando postagens de março, 2008

Pedras para humildade - XI

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Conclusão Quer continuar nas pedras? Ou questionando e aprendendo mais sobre elas? Pode continuar. E se encontrar alguma segurança ou confiança fora de Deus saiba de antemão o quão grande será a humilhação nesta exaltação. Somos seres humanos, seres criados, crianças diante de Deus. Algumas crianças são estúpidas. Mas alguns podem ser crianças sob os cuidados do amor de Deus. Somos como crianças nas mãos de Deus, querendo ou não. Humildade não é ser pobre, ser desconhecido, ser fraco ou ignorante, porém sendo rico, famoso, forte, inteligente ou humilde reconhecer que nada teria se não fosse a graça de Deus. A humildade é, antes de qualquer prática, um saber, um reconhecimento, o conhecimento dos limites do homem, como criatura de Deus.

Pedras para humildade - X

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Uma miragem no rio “O amor destrói o que sempre fomos para que possamos ser o que não éramos” (Agostinho) Mesmo num rio de águas vivas podemos ver alguma miragem. Essa miragem dar um certo poder ou conforto próprio ao homem, mesmo com ou sem Deus: a sua liberdade. Expressões como “Você pode escolher qualquer coisa”; “você escolhe seu destino”; “você pode ser qualquer coisa”; “você pode conseguir qualquer coisa, basta escolher, declarar ou crer” exemplificam bem o que queremos dizer. Quando falamos liberdade, não dizemos toda e qualquer liberdade, contudo alguns tipos dela. E nestes tipos talvez estejam a última fortaleza de exaltação do homem. A capacidade de fazer escolhas é parte inerente do homem. Alguns chamam isto de livre-arbítrio. Não se pode negar isto! Nem se pode negar que o homem escolhe o que quer. Contudo, certas escolhas são mitos. O homem pode escolher e planejar o que tiver vontade, mas esta não é livre para realizar nada contrário à vontade de Deus (mito circunst

Pedras para humildade - IX

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Um rio “A verdadeira maturidade é alcançar a seriedade de uma criança brincando” (Kierkegaard) Bem, chegamos ao fim de um caminho de pedras. Encontramos um rio, que não vemos o seu fim, um rio de águas vivas. Ela flui eternamente sobre nós, pois o Senhor é “a fonte das águas vivas” (Jeremias 17.13). Se o leitor usou bem a sua bússola então está no lugar certo, está se reencontrando. Ainda há muito a percorrer, entretanto o caminho agora não é mais de pedras, de obstáculos, mas de descobertas, de liberdade da morte, do medo e das derrotas terrenas, de crescimento, de prazer, de amor... Alguns acham que o “céu” vai ser chato baseado na religiosidade que hoje vemos. Contudo para ilustrar um pouco em termos de prazer como será a plena presença de Deus no paraíso veja o anexo intitulado de “Teoria Pura do Sexo”, de minha autoria. Nesse rio prosseguimos numa obediência de fé. A obediência pela fé é para os justificados em Cristo e que ainda são pecadores, passíveis de pecar, contudo

Pedras para humildade - VIII

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A sétima pedra “Miserável homem que sou” (O apóstolo Paulo) Esta pedra é diferente das outras. É uma pedra de descanso, de consolo, depois de uma caminhada dura. É a pedra da fé. É também a oportunidade de arrependimento. Aqui você colocará todo o fardo pesado que tem carregado até agora em sua humilhação. Era necessário passarmos por todo aquele caminho anterior para que agora verdadeiramente pudéssemos descansar na pedra da fé, na pedra da boa notícia e pudéssemos nos arrepender humildemente dos nossos pecados até hoje cometidos. Se de fato o leitor usou a nossa bússola, caso contrário, esta será mais uma pedra no meio do caminho, mais uma ferramenta de humildade. E talvez ambas as coisas podem acontecer: descanso e crescimento na humildade. Necessitamos de uma boa notícia, de um alívio. Não que isto nos faça merecedor de algum perdão – o fato de contrairmos uma doença na prisão não nos dar a liberdade da mesma. A boa notícia é que Deus fez por nós pecadores aquilo que não podí

Pedras para humildade - VII

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A sexta pedra “A humildade é a reverência do homem a Deus” (São Tomás de Aquino) Talvez aqui encontremos a maior pedra de todas, e seria tentador mostrar ao leitor um atalho, contudo não consigo lhe orientar por atalhos de fábulas. A dureza da verdade ao fim será melhor. Não posso esconder ou negligenciar a verdade de que Deus faz determinadas escolhas de modo a tirar qualquer exaltação que venhamos a ter. Na verdade as escolhas de Deus têm por objetivo – além de outros reservados a Ele mesmo – produzir em nós espíritos de humildade. É o que está registrado em I Coríntios 1.26-29: “Ora, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir a nada as que sã

Pedras para humildade - VI

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A quinta pedra “Não sou digno de que entreis na minha casa” (O centurião) Existem situações na vida que não dependem de nós. Esta realmente é uma pedra para quem não gosta de depender de outros. Isto nos torna frágeis se nos consideramos fortes. Quando desobedecemos uma lei (moral, jurídica), geralmente alguém se ofende ou se sente injustiçado. O mesmo ocorre com Deus: “inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus” (Romanos 8.7). E se quisermos ser justos (justificados) temos que sê-lo diante de quem se ofende com nossa desobediência, portanto temos essa dívida para com essa pessoa ofendida. Quanto maior a gravidade da desobediência maior será a dívida para com a pessoa ofendida. No caso de cometer entre homens, como seres finitos e imperfeitos, o sentimento (ato) de ofensa um dia acaba, seja com o ofensor pagando em vida ou com a própria morte. Mas um dia acaba, seja durante a vida, depois da morte ou em outras vidas – caso existam –, ou por causa de sua justiça finita

Pedras para humildade - V

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A quarta pedra “Aquilo que a soberba nega e destrói, a humildade reafirma e consolida: a condição de criatura do homem” (Josef Pieper) Estamos na era da auto-ajuda. Os principais setores de uma livraria são compostos de livros de auto-ajuda, seja área religiosa, sexual, sentimental, financeira, social, familiar, entre outras. Contudo voltando ao passado podemos notar que a prática da auto-ajuda não é algo novo, mas um movimento ou tendência humanos, que Jesus procurou chamar a atenção quanto ao seu perigo quando é mal empregada ou mal entendida ou mal valorizada. O que não queremos dizer é que a auto-ajuda é má em si. Existem centros de auto-ajuda como os AA (Alcoólicos Anônimos) que buscam a partir do exemplo e experiência de outros auxiliar cada membro a encontrar ajudas para superar seus vícios de bebidas – o que na prática acabam se tornando centros de mútua-ajuda. A inteligência pode levar o homem a fazer grandes feitos e assim beneficiar toda uma comunidade. Ninguém duvida di

Pedras para humildade - IV

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A terceira pedra “Os gregos quase não conheceram esta virtude” (Jankélévitch) Por não conhecermos o nosso passado nos sentimos perdidos em relação ao que somos. Tenho uma natureza má? Sou uma luta entre o bem e o mal? Sou corrompido pelo meio? Serei sempre assim? Há algo que tenho a fazer primordialmente em minha vida? Queria lhe apresentar as boas notícias, mas acredito que elas não terão significado se antes não sentirmos a necessidade de tais notícias. Uma notícia para ser boa normalmente é precedida de uma má situação. Se perguntar a alguém cujo país está em guerra qual seria a boa notícia, certamente seria o fim dessa guerra. Revelar o espelho de nossa natureza ou condição existencial não será uma boa notícia, mas apontará para uma. A revelação do que realmente não somos é uma pedra difícil de passar, principalmente quando não queremos admitir. Paulo, apóstolo de Jesus, procurou mostrar, principalmente aos judeus, que a história do povo de Israel e a sua lei eram úteis para

Pedras para humildade - III

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A segunda pedra “A humildade não é a depreciação de si, ou é uma depreciação sem falsa apreciação. Não é ignorância do que somos, mas, ao contrário, conhecimento, ou reconhecimento, de tudo o que não somos” (André Comte-Sponville) Um homem estava em dúvida a respeito de um ponto que seu professor de matemática elaborou, que era a seguinte pergunta: “Quando retiro os números pares de um conjunto infinito de números (naturais) estou retirando a metade dos números desse conjunto infinito?” Já sua filha de seis anos estava pensando sobre como ela veio ao mundo, e seu pai explicou da seguinte forma: “Eu e sua mãe gostávamos muito um do outro e pedimos ao amor para te criar e um dia você apareceu e foi crescendo dentro da barriga dela até sair”. Na primeira situação aquele homem não consegue afirmar coisa alguma porque não é (conhece) infinito para assegurar sua resposta. E a menina se sente aliviada com a explicação antropomórfica do pai, que não é exaustiva, mas é verdadeira. Para qu

Pedras para humildade - II

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A primeira pedra “É mais fácil desintegrar um átomo do que um pré-conceito” (Albert Einstein) Vivemos numa sociedade que prega o esvaziamento de pré-conceitos quanto às diferenças de raça, credo, cor, sexo e cultura do outro. A razão é simples. O pré-conceito nos faz tirar conclusões precipitadas ou erradas a respeito do outro. E isto pode gerar não só ao próximo, porém a nós mesmos péssimos resultados. Bem, crendo que o leitor não é uma pessoa pré-conceituosa farei a seguinte pergunta: burocracia é ruim a uma empresa? Pense bem. Talvez quando olhamos a constante complicação nos serviços públicos com seus departamentos, filas, carimbos e amontoado de papéis impedindo soluções rápidas aos seus clientes, causando ineficiência à organização, naturalmente respondemos que burocracia é prejudicial sim. Contudo, o pai da teoria burocrática, o famoso sociólogo Max Weber, não ficaria nada satisfeito com essa conclusão. A razão é simples. Estamos confundindo a noção popular de burocracia,

Pedras para humildade - I

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"Somos como crianças nas mãos de Deus". A partir deste, trarei uma série de textos intitulados "Pedras para humildade". Eles formam na verdade meu último escrito: "Somos como crianças nas mãos de Deus". Introdução “Se quisermos ser mais sábios do que todos temos de estar dispostos a aprender de todos” (Richard Baxter) O caminho para Deus pode ser trilhado numa perspectiva ou visão de humildade. É na humildade quando o homem descobre quem realmente não é diante de Deus. Portanto não há humildade sem a verdade. Jesus disse que “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mateus 5.3). Temos aqui a confirmação, ou melhor, o ponto de partida do que estamos falando. Vamos andar por um caminho talvez difícil, duro, estreito ou assombroso, porém necessário, pois a humildade necessita da verdade e negligenciar a verdade é colocar em dúvida ou diminuir a veracidade da própria humildade. Encontraremos várias pedras em nossa caminhad

Crente Fanático

Quando se pensa em fanatismo, no Brasil, logo vem à mente um crente pentecostal: uma pessoa cuja prática religiosa se apresenta nociva ao pensamento e à sociabilidade. Geralmente identificados pelo barulho excessivo de seus cultos, em lugares inadequados (na calçada da sua casa), indispostos a discutir seus pontos de fé numa boa comunicação, espiritualizando todas as coisas naturais – até como uma desculpa para seus erros e pecados pessoais – e buscando no mundo espiritual um escapismo da realidade ou um consumismo de soluções rápidas sem um melhoramento efetivo de caráter (no relacionamento social). No entanto, fanatismo não é sinônimo de alienação, como ocorre no Brasil. Podemos notar a semelhança com o terrorismo no Oriente Médio: uma pessoa cuja prática religiosa se apresenta nociva à própria vida. Temos então espécies de fanatismo religioso. Há também espécies de fanatismo em outras esferas da vida humana, como o político. Ora, temos o político com uma ideologia cuja prática não é

O lugar do síndico

Ninguém praticamente se preocupa em saber o lado do síndico, todo o lado do síndico. Síndico é um cargo de trabalho colaborativo com ajuda de custo. Existe o trabalho colaborativo sem ajuda de custo, que geralmente acontece nas ONGs. Normalmente as pessoas estão envolvidas na maior parte de seu tempo (horário comercial) num trabalho de subsistência. O trabalho de subsistência prover o pão de cada dia para a família. Os outros, não. E por isso o tempo de dedicação é maior, em torno de 44 horas semanais. E consequentemente uma maior necessidade de descanso. E aí temos o horário comercial de descanso, normalmente entre 12:00h e 14:00h e noite, e o dia semanal de descanso, domingo. O ser humano precisa de descando para atividades corriqueiras ou fadigantes. O trabalho de subsistência também fornece o suporte para outros trabalhos: pessoal e familiar. Normalmente as pessoas dedicam parte do seu horário comercial de descanso para desenvolver e viver sua família – auxiliar no lar, cuidar de f

Condomínio de ninguém

Nestes três últimos meses, os primeiros de minha gestão, tenho visto uma minúscula fração do mundo hoje: uma “terra de ninguém”, onde na luta por seus interesses só os mais fortes vencem. “Ao vencedor, as batatas”. É louvável lutar por seus direitos, por aquilo que acredita ser seu. O louvor termina quando as armas ou os meios provêm das misérias humanas. E são várias as opções: dissimulação, mentira, indiferença, agressão, calúnia, grosseria, desonestidade, preguiça e injustiça. E os fracos? Naturalmente se não tomarem cuidado serão pisados pelos mais fortes, principalmente quando procurarem auxiliar os outros, conciliar ou intermediar conflitos, cumprir seu dever como cidadão ou autoridade constituída. Pois é aqui onde mais atuam os fortes. Punindo os outros para não aceitar as conseqüências dos próprios problemas, erros ou adversidades. Os fracos renunciam aos seus interesses quando percebem que não é mais lícito, justo ou prudente vencer. E aí, perdem as batatas: tesouros efêmero

Uma semana fora e dentro de casa

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Após abraço do Aquilles, ao entrar no táxi, as lágrimas vieram com naturalidade. Chorei de uma forma, durante quase todo o trajeto para o aereporto, que minha garganta ficou dolorida – talvez temendo chamar a atenção do taxista, chorei calado. Estava muito ansioso minutos antes de ir embora, mas não esperava sentir tanto. Não sei bem a razão. Meu ser parecia possuído de sentimentos não acompanhados pela minha própria consciência. Então comecei a pensar e percebi algumas coisas. A falta dos meus pais. Depois de alguns anos de casado, pela primeira vez relembrei a minha cama. Não a cama do quarto compartilhada com o meu irmão. A cama do lar. O cuidado diário dos meus pais. A comida prep arada, o quarto arrumado, as roupas passadas, a conversa tarde da noite, o chero antes de dormir e ao acordar, a companhia nos passeios, o cuidado. Voltei a passar um tempo com meus pais, mesmo longe deles. A hospedagem purificou minha alma. Estava cheio das toxinas diárias do trabalho. Há muito tempo n

Momento de Micheli

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Micheli é uma cadela. Em seus 14 anos já não ouve tão bem e nem tem o mesmo vigor para correr, saltar e latir a todo instante. Em menos de uma semana na casa dos meus adotados avós, Edith e Achiles Chirol, Micheli já tinha um enorme carinho por mim, como se eu fosse de casa. Muito discreta, chegava perto como se querendo carinho. Enfim, uma cadela tranquila, vivia uma rotina sem estripulias ou andanças. Andando de um quarto para outro, de uma sala para outra, dormindo ou deitada sempre em qualquer um destes lugares. Por motivos de trabalho precisei fazer essa viagem ao Rio, ficando hospedado na casa dos Chirol. Envolvido numa rotina de trabalho desde o meio do ano passado, sem férias por causa da mudança de emprego, comecei a sentir os sintomas do estresse, da fadiga do trabalho, principalmente após gravidez da minha esposa e ter sido eleito síndico do condomínio onde moro, ocorridos em meados de fim de ano. Em poucos instantes do dia parava para descansar a minha alma de várias preo

Deus e o inadimplente

Um fulano chegou no céu para ser julgado pelo próprio Deus. - Sr. Fulano, o senhor está condenado ao castigo eterno por ter prejudicado muitas pessoas em vida. - Como!! Mas sempre fui um bom pai, um bom marido, um bom vizinho e um bom colega de trabalho. - Não pagou em dia as contas do seu condomínio. - A vida não foi fácil para mim... - Como se fosse estranha ou fora do meu controle. Mas continue. - Bem, mesmo não conseguindo pagar em dia, paguei. - É verdade. E não percebi que você não deixou de comer, de adquirir mais conforto e de se locomover mais e melhor, de passear, de curtir em festas. - Mas precisei dar prioridades à mim e minha família. - Outros no seu mesmo condomínio deixou de ter almoço para comer na casa de amigos e parentes, deixou de viajar, passear de modo a pagar as contas em dia. Porque o condomínio não tinha o mesmo luxo que o seu: de atrasar “por prioridades”. Mas continue, certamente todos os objetos da sua casa são de extrema importância para c ontinuidade da v

Querido Amigo

Querido amigo, pode até ser uma tentativa frustrada chamá-lo de amigo porque há muito tempo já não temos mais qualquer convivência. Contudo o amor transcende a própria vivência e nela deposito minha confiança. Há tempos cometi um grande pecado na minha vida e não tive condições para reconhecê-la e evitá-la na época: deixei a nossa amizade. Deixei por preceitos morais e até religiosos que acreditava serem verdadeiros, contudo enxerguei apenas tempos depois serem na verdade muito distante do cristianismo simples, amplo, vivo e essencial. Não fui capaz de perceber. Temendo ferir um amor, divino, acabei matando o nosso, e no fim das contas, contrariando aquele. Ainda lembro a nossa despedida na rodoviária. Até hoje minha família comenta o fato. Na verdade, antes e depois da despedida, já estava vivendo um dos piores momentos da minha vida. Preso por um vício da qual só Deus, acredito, libertou-me. Talvez acabasse não se tornando apenas um momento ou uma fase, se o vício continuasse a progr