Deus e o inadimplente

Um fulano chegou no céu para ser julgado pelo próprio Deus.
- Sr. Fulano, o senhor está condenado ao castigo eterno por ter prejudicado muitas pessoas em vida.
- Como!! Mas sempre fui um bom pai, um bom marido, um bom vizinho e um bom colega de trabalho.
- Não pagou em dia as contas do seu condomínio.
- A vida não foi fácil para mim...
- Como se fosse estranha ou fora do meu controle. Mas continue.
- Bem, mesmo não conseguindo pagar em dia, paguei.
- É verdade. E não percebi que você não deixou de comer, de adquirir mais conforto e de se locomover mais e melhor, de passear, de curtir em festas.
- Mas precisei dar prioridades à mim e minha família.
- Outros no seu mesmo condomínio deixou de ter almoço para comer na casa de amigos e parentes, deixou de viajar, passear de modo a pagar as contas em dia. Porque o condomínio não tinha o mesmo luxo que o seu: de atrasar “por prioridades”. Mas continue, certamente todos os objetos da sua casa são de extrema importância para c ontinuidade da vida sua e de sua família.
- Pelo menos não fui como o Cicrano que nunca pagou.
- É verdade. Aquele não tinha jeito. Já não contavam com ele. Mas um dia ele se arrependeu, vendeu o próprio carro, pagou todas as dívidas e foi para um condomínio onde tinha condições de pagar a taxa em dia. Preferiu perder um braço a ter o corpo e a alma inteira no inferno. Após a mudança para o novo condomínio, ele foi chamado aos céus. Cara de sorte.
- Então o que fiz de mal mesmo!
- Em nenhum momento se importou em o quanto o seu “problema” penaliza os outros. Preferiu não pensar a respeito, de modo a não ser incomodado pela própria consciência. Tampou os olhos para nem ver que enquanto dava o melhor para si e para família, dava o pior para os outros mesmos seres humanos. Se você estivesse no governo de um Estado, de um país não seria diferente. Prejudicaria mais pessoa se pudesse.
(Esta queria ter colocado no quadro de avisos do meu prédio, mas...)

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