O caçador e o jardineiro



É melhor ser um caçador ou um jardineiro?

A caça uma vez conquistada não pode ser reconquistada, é preciso partir para outra, assim que a lembrança do prazer se dissipa. Mas a próxima também não dura. E o ciclo da caça nunca acaba, até que o caçador não mais respire.

O jardim uma vez construído, não permite pensar em outro, ou precisa ser mantido ou melhor desenvolvido, enquanto há forças para tal. Enquanto existir, o trabalho nunca termina, mesmo quando o fôlego do jardineiro expira.

Como o jardineiro se sentiria caçando ou o caçador fazendo jardinagem?

Para o caçador, o jardim seria uma estratégia para atrair o visitante, deixando-o mais confortável, confiável, satisfeito ou maravilhado com esse lugar. E apesar da maior dificuldade em ferramentas tão atípicas, não deixaria, contudo, de alcançar mais uma caça, mais um ciclo de prazer. Tão logo a lembrança dissipasse, um novo jardim começaria a ser reconstruído.

O jardineiro também faria um novo jardim. Vestiria também ferramentas atípicas, e passaria por novas dificuldades. O visitante se sentiria mais confortável, confiável, satisfeito ou maravilhado com esse lugar. O prazer duraria enquanto sua companhia se tornasse presente ao jardineiro. Tão logo fosse embora, ficaria a saudade. E a possibilidade de reviver tal prazer, alimentaria a manutenção ou melhoria do jardim.

Alguns são caçadores, outros são jardineiros. O mundo é o mundo que os olhos permitem ver.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Leituras: Psicologia Cognitiva - Robert J. Sternberg

Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ Λόγος, καὶ ὁ Λόγος ἦν πρὸς τὸν Θεόν, καὶ Θεὸς ἦν ὁ Λόγος. (Como Deus e não Deus?)

Tradução e comentários de Lucas 20:34-38 - os filhos deste e daquele mundo