Irredutibilidade do Tempo


Um homem alegou ter construído uma máquina do tempo e foi contar para seu melhor amigo, feliz da vida.

O seu melhor amigo então o questionou: "Aonde pretende chegar, pois certamente não encontrará o seu tempo?"

Esse tinha acabado de ler Agostinho* e estava tentando explicar ao outro o que era o tempo (sem recorrer à experimentação ou à cientificidade), como uma distensão da alma, uma percepção de acontecimentos em série, como uma ação psicológica, feita de lembranças do passado, memórias do presente e expectativas do futuro, a partir da perspectiva de uma pessoa.

"Mas quero reencontrar a minha falecida mãe no passado.", insistiu o engenheiro da máquina.

Então perguntou o amigo: "Em quanto tempo espera chegar ao seu destino?". 

E complementou para deixar a pergunta mais retórica ainda: "Porque enquanto viaja no tempo, estará avançando numa série de eventos que você nem mesmo irá considerar, mas estarão acontecendo, mesmo numa medida de tempo imperceptível a você ou a sua máquina. Então, enquanto um tempo passa, outro tempo retorna, para uma mesma pessoa?".

* Santo Agostinho, Capítulo XI, Confissões.

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