Tantos discursos de ódio...


Hoje, nessa guerra sufocante de discursos de ódio, aqui e acolá, vejo que não é muito diferente do que vivi no início da minha fé. Adotar uma lei não vai mudar o que as pessoas pensam disso ou daquilo. É preciso dialogar, entender os extremos e as paixões, cristalizadas, passar um tempo ouvindo-as com atenção, mesmo se forem absurdos aos seus ouvidos, porque na prática ninguém é convencido simplesmente pelo seu grito de sarcasmo, desespero ou de intelectualidade, mesmo por uma bandeira de amor.

Nessa caminhada inicial, uma das coisas que mais me chamavam a atenção era o radicalismo, de algumas pessoas, em algumas igrejas, o qual também vivi por um tempo, enquanto neófito das coisas. 

Eu sempre pensava: "Mas por que não conseguem enxergar o que estão fazendo?! Não percebem a contradição entre o que acreditam e praticam?!". Até tentava criar algumas reflexões, as quais me ajudaram muito, em cima disso, relacionadas com legalismo, por exemplo. No entanto, tudo isso não era suficiente, até que...

Apenas quando passei a conviver diretamente com elas, ouvindo, com muita paciência, e discipulando (e re-aprendendo), quando era oportuno, é que o discurso chegou à mente, sem as barreiras do coração, pela vontade do próprio ouvinte (e nada disso é uma regra infalível!).

Porém isso me faz lembrar algumas sabedorias, na filosofia, na neurociência e na Bíblia, respectivamente, que confirmam o que assistimos em todos esses maus dias:

Em meados de 1662, Pascal já dizia: "todos os homens são quase sempre levados a crer não no que é provado, mas no que lhes agrada", de modo que "nenhum amante será jamais conquistada pelo intelecto, nenhum partidário mudará de lado ou de opinião depois que alguém lhe tenha "demonstrado" o seu erro como se demonstra um teorema, nenhum fanático vai renunciar à sua cegueira por ceder a um raciocínio bem efetuado" (Pascal, 2005).

Na Psicologia Cognitiva, "usualmente incluímos considerações subjetivas em nossas decisões", que "não somos necessariamente irracionais", mas "racionais, porém dentro de alguns limites", no que eles chamam de satisfatoriedade. Além disso, usamos "frequentemente atalhos mentais e mesmo vieses que limitam e, algumas vezes, distorcem nossa capacidade para tomar decisões racionais" (Sternberg, 2010).

"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o poderá conhecer?" (Jeremias 17:9).

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