Leituras: A Estrutura das Revoluções Científicas (e a TDI)



Estamos vivendo a crise de um paradigma científico, basicamente formado do Evolucionismo e do Naturalismo filosófico. No entanto, para a maioria das pessoas é invisível e só consegue sair dessa multidão depois de uma leitura e citações ao livro do Thomas S. Kuhn: A Estrutura das Revoluções Científicas.
"Thomas Samuel Kuhn foi um físico e filósofo da ciência estadunidense. Seu trabalho incidiu sobre história da ciência e filosofia da ciência, tornando-se um marco no estudo do processo que leva ao desenvolvimento científico". Wikipedia
Mas essa crise ainda não é mudança em si, completa e acabada, por isso você não a vê facilmente por aí. E nunca aconteceu assim na história. E já aconteceu antes? Sim, várias vezes e em diferentes áreas, como observado pelo Kuhn e registrado em seu livro. Infelizmente isso não é passado pelas escolas, característica própria do paradigma, e todos ficam com aquela impressão, ou pior, aprendizado de que o desenvolvimento científico foi linear, cumulativo e não em ciclos revolucionários.

Exemplo claro disso são as perseguições frente ao "surgimento" da Teoria do Design Inteligente (TDI), como alternativa científica às "anomalias" não resolvidas pelos paradigmas vigentes. Veja esta declaração de MN Eberlin em seu livro online "Fomos Planejados":
"A TDI tem despertado forte resistência e controvérsias, fortíssimas, uma "caça as bruxas", uma "inquisição acadêmica", mas não por causa da validade científica de suas teses, sólidas   evidentes, não se deixe levar pelos boatos. A perseguição se dá por causa de suas seríssimas implicações indiretas, filosóficas e teológicas (religiosas). Os proponentes da TDI defendem, porém, que a Ciência precisa voltar a ser conduzida de uma forma objetiva, desapaixonada, e que nossos gostos e preferências filosóficos e teológicos precisam ser deixados em casa, e que em nossos laboratórios e salas de aula sigamos assim os dados onde quer que eles nos levem! Esta objetividade é ainda mais importante na Ciências que tratam de nossas origens, devido à sua natureza histórica (e portanto subjetiva) e o fortíssimo impacto, indireto mas inevitável, que estas Ciências sempre terão sobre nossa religião (ou ausência dela) e nossos conceitos (a)morais e sociais."

Exemplo de falácia e mito sobre a TDI encontra-se na própria Wikipedia:
"O consenso da comunidade científica é de que a criação inteligente não é ciência, mas na verdade pseudociência. A Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos já declarou que o "criacionismo, design inteligente e outras alegações de intervenção sobrenatural na origem da vida" não são ciências porque elas não podem ser testadas por métodos científicos. A Associação de Professores de Ciências dos Estados Unidos e a Associação Americana para o Avanço da Ciência a classificaram como pseudociência. A Sociedade Brasileira de Genética publicou oficialmente que não há qualquer respaldo científico no design inteligente e outras teorias criacionistas, explicando que esta posição é consensual na comunidade científica". Wikipedia
O que há de errado nesse texto? Leia, pelo menos, o livro de Eberlin e do Kuhn para saber a resposta.

Algumas citações do Kuhn 

"Considero “ paradigmas” as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo,, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência."

"Quando pela primeira vez no desenvolvimento de uma ciência da natureza, um indivíduo ou grupo produz uma síntese capaz de atrair a maioria dos praticantes de ciência da geração seguinte, as escolas mais antigas começam a desaparecer gradualmente."

"Abandonar o paradigma é deixar de praticar a ciência que este define."

"Os cientistas trabalham a partir de modelos adquiridos através da educação ou da literatura a que são expostos posteriormente, muitas vezes sem conhecer ou precisar conhecer quais as características que proporcionam status de paradigma comunitário a esses modelos."

"O período pré-paradigmático, em particular, é regulamente marcado por debates freqüentes e profundos a respeito de métodos, problemas e padrões de solução legítimos – embora esses debates sirvam mais para definir escolas do que para produzir uma acordo."

"A descoberta começa com a consciência da anomalia, isto é, com o reconhecimento de que, de alguma maneira, a natureza violou as expectativas paradigmáticas que governam a ciência normal."

"A emergência de novas teorias é geralmente precedida por um período de insegurança profissional pronunciada, pois exige a destruição em larga escala de paradigmas e grandes alterações nos problemas e técnicas da ciência normal. (...). O fracasso de regras existentes é o prelúdio para uma busca de novas 
regras."

"A ciência normal esforça-se (e deve fazê-lo constantemente) para aproximar sempre mais a teoria e os fatos."

"as revoluções científicas iniciam-se com um sentimento crescente, também seguidamente restrito a uma pequena subdivisão da comunidade científica, de que o paradigma existente deixou de funcionar adequadamente na exploração de um aspecto da natureza, cuja exploração fora anteriormente dirigida pelo paradigma"

"O que um homem vê depende tanto daquilo que ele olha como daquilo que sua experiência visual-conceitual prévia o ensinou a ver."

"embora o mundo não mude com um a mudança de paradigma, depois dela o cientista trabalha em um mundo diferente."

"Em parte por seleção e em parte por distorção, os cientistas de épocas anteriores são implicitamente representados como se tivessem trabalhando sobre o mesmo conjunto de cânones estáveis que a revolução mais recente em teoria e metodologia científica fez parecer científicos."

"A depreciação dos fatos históricos está profunda e provavelmente funcionalmente enraizada na ideologia da profissão científica"

"A competição entre paradigmas não é o tipo de batalha que possa ser resolvido por meio de provas."

"Max Planck, ao passar em revista a sua carreira no seu Scientific Autobiografy, observou tristemente que “uma nova verdade científica não triunfa convencendo seus oponentes e fazendo com que vejam a luz, mas porque seus oponentes finalmente morrem e uma nova geração cresce familiarizada com ela."

"As primeiras versões da maioria dos paradigmas são grosseiras."

"Uma das leis mais fortes, ainda que não escrita, da vida científica é a proibição de apelar a chefes de Estado ou ao povo em geral, quando está em jogo um assunto relativo à ciência. O reconhecimento da existência de um grupo profissional competente e sua aceitação como árbitro exclusivo das realizações profissionais possui outra implicações."

"Um paradigma é aquilo que os membros de uma comunidade científica partilham e, inversamente, uma comunidade científica consiste em homens que partilham um paradigma."

"Um paradigma governa, em primeiro lugar, não um objeto de estudo, mas um grupo de praticantes da ciência."

Referências

KUHN, Thomas s. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Editora Perspectiva S.A, 5ª edição, 1998.

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