Rivalidades culturais que anulam qualquer lógica


Não é nova a ideia de projetos culturais em rivalidade. Assim na antiguidade tardia eram os judeus contra os gregos, os gregos contra os bárbaros, os cristãos contra os judeus e os gregos, os romanos contra os cristãos etc. No Brasil na atualidade não é diferente. Aqui o pano de fundo dessa rivalidade é a política ou a politicagem, na rivalidade entre dois grupos, nomeadamente "esquerda" e "direita". O ponto não é o que de fato esses grupos representam, se realmente representam alguma coisa consistente, porém como reivindicações, afirmações, crenças ou declarações são inaplicáveis, mesmo com toda força e rigor lógicos, a um grupo, sem o reconhecimento social do mesmo. E um reconhecimento social não tem um padrão lógico. Nesse sentido, é arbitrário, contingente à própria dinâmica ou história dos membros de um grupo. Se, por exemplo, um grupo reconhece uma ação ou projeto políticos como parte de seu projeto cultural, tudo o que for dito contra coisas políticas, se não estiver dentro da coisa cultural, é inapropriada, sem sentido, incorreta, nula ou algo semelhante. Se você, por exemplo, tem uma opinião a respeito do aborto, mesmo sem saber nada sobre tais grupos, e um dos grupos passa a adotar o aborto como um dos seus elementos culturais, você é reconhecido como parte ou contra o grupo, como se estivesse dizendo não só sobre o aborto, mas sobre o projeto cultural de um grupo. Quando você diz "Eu sou contra isso" está também dizendo "Eu sou contra vocês, que adotaram isso".

Quando as pessoas lhe rotulam como "isentão" estão endossando a maneira social como validam (logicamente) as coisas, e intensificando a segregação, do social aos níveis lógico-linguísticos. É triste, mas isso vem se intensificando mais e mais. Nesse contexto, você tem um lado, goste ou não, mas um lado enganoso.

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