O Ritual - Outra perspectiva

Padre Lucas
"Baseado no livro de Matt Baglio, o longa narra a história do cético seminarista Michael Kovak (Colin O’Donoghue) que, relutantemente, frequenta uma escola de exorcismo no Vaticano. Sua vida muda quando ele encontra o ortodoxo Padre Lucas (Anthony Hopkins), que lhe apresenta o lado mais obscuro de sua fé." [1].

O interessante do filme é sua ligação com Matt Baglio em "sua experiência acompanhando um curso em Roma que forma exorcistas" [2]. Por isso o mais importante para esta reflexão são os relatos, não o "final feliz" (?) do filme.

Mas se você não assistiu o filme "O Ritual" então não leia o restante desse texto. Assista o filme e volte aqui.
Seminarista Michael Kovak

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Existem três pontos a destacar no filme:
  • Surgimento da fé do seminarista;
  • A possessão de um padre experiente;
  • O ritual para vencer a possessão.

Pelo filme a possessão é vencida quando o seminarista passa a acreditar na existência de Deus. Toda a problemática do filme gira em torno do ceticismo dele. O problema é o ceticismo! Basicamente o cenário é: um ateu, mesmo depois de passar 4 anos num seminário, passa a acreditar em Deus quando vive uma experiência sobrenatural.

Entretanto percebeu como essa fé surgiu? Não foi lógico? Ora, se o que me impede de acreditar é a falta de uma experiência sobrenatural, logo é lógico e natural passar a ter algum tipo de crença depois de vivenciá-la. Essa é a esperança de muitos religiosos para com os descrentes. O seminarista ainda deixou claro o seguinte raciocínio de sua crença: como estou agora vendo, presenciando o demônio, então Deus existe e logo acredito nele para me proteger. Muitos pensam assim também...

O padre experiente em exorcismos é quem é possesso quando passa a estar em pecado (ainda não se arrependeu de um pecado cometido). O pecado foi acreditar que o poder do demônio foi maior. E o ponto é: se você cometeu um pecado e ainda não se arrependeu então você está indefeso até para uma possessão, mesmo com muita experiência na fé. O padre tinha consciência disso.

Parece lógico também né? Se você comete algum ruim, então coisas ruins poderão acontecer. E isso é aplicado especificamente na proteção contra o mal.

E ambos acreditam que o ritual possui algum tipo de poder, caso contrário não se importariam tanto com a leitura da Bíblia, mostrar objetos "sagrados", usar água benta, repetir preces, insistir em saber o nome da(s) entidade(s) (porque elas têm vergonha em dizer!?)...

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Em outra  perspectiva, no entanto, é claro perceber a fraqueza de uma fé doutrinária e institucional morta há muito tempo pelo tradicionalismo, assim como ocorreu com o Judaísmo, que não se "reformou completamente" quando teve sua chance. (O mesmo já ocorre em outros meios cristãos!)

"Muitas das tradições judaicas eram, entretanto, distorções do ensino do Antigo Testamento. Mas se tornaram tão autoritativas, que suplantaram a autoridade do Antigo Testamento. Jesus acusou severamente os escribas e fariseus da sua época". [3]

Por isso, faz sentido (também) as seguintes palavras de Jesus:

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade." (Mateus 7)

"Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens. (...)  Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição (...) invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição que vós mesmos transmitistes". (Marcos 7)

Ora, na Bíblia encontra-se claramente judeus exorcistas criticados por Jesus. Por acaso esses judeus não tinham boa intenção em combater o mal!? Também não achavam que estavam vencendo o mal!? Não é diferente no filme! Muitos religiosos vivem assim...

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Na perspectiva bíblica o mal é vencido pelo dom da fé salvadora e não pela crença na existência de uma força protetora superior

Na perspectiva bíblica não importa o procedimento, o quanto se reza ou se usa de instrumentos, mas da verdade da fé, se é um dom de Deus ou meramente um aspecto psicológico ou moral. do homem Ter fé não é pronunciar palavras ou usar objetos mágicos.

Na perspectiva bíblica a fé como dom de Deus é que salva do mal, da morte e independe de obras e do quanto se santifica.

A fé salvadora é um dom de Deus e justitica o pecador completamente por toda sua vida de uma só vez, logo não pode o mal possuir alguém que já ultrapassou a morte, mesmo estando vivo, por causa da justificação pela fé somente. [4]

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