XP, Simplicidade e Tron

Numa das cenas do filme "Tron, O Legado", Sam Flynn tente convencer o pai, Kevin Flynn, a fazer alguma coisa porém o mais velho e maduro sabiamente responde: "Incrível como não fazer nada é produtivo". Simples assim!

Kevin Flynn

Um dos valores da metodologia XP tem tudo haver com isso: simplicidade. Normalmente um programador tem dificuldade de fazer a coisa mais simples que funcione e procura fazer antecipações. XP é contra esse hábito.

Mudança é uma constante num mundo globalizado, mais ainda no ambiente de tecnologia da informação. Por isso, a XP defende que o custo da mudança hoje é o mesmo do amanhã. É preciso pesar bastante antes de fazer a mudança. Um critério é o valor agregado (ao cliente, claro!). 

É frequente como os profissionais de TI procuram justificar a adição de novas funcionalidades ou  "melhorias" legais no sistema cujo valor agregado ou benefícios reais não compensam para a empresa. Vou descrever um caso hipotético que reflete bastante a realidade do dia-a-dia.

Você tem a empresa prestadora de um serviço de TI, uma equipe de suporte da empresa, um usuário do cliente, um programador e o sistema. A equipe de suporte faz a instalação e configuração do sistema.

O programador então percebeu uma melhoria: poderia fazer uma alteração no sistema para melhorar a configuração do mesmo.  Precisaria alterar vários códigos para deixar a configuração de um arquivo mais fácil, evitando mais erros humanos, pois uns 5 itens eram configurados de forma repetida.

Façamos algumas perguntas. Quanto tempo vai custar a programação disso tudo? E para evitar a inserção de novos bugs, quanto mais de testes, verificações e validações serão necessários? E a manutenção disso? O quanto o usuário final será beneficiado? Enfim, qual o valor agregado disso? Quantos problemas já ocorreram por causa dos erros humanos? E qual foi o impacto?

É fácil perceber que é melhor manter a simplicidade, procurar uma alternativa mais simples como deixar um comentário junto ao arquivo de configuração ou fazer uma verificação da mudança de configuração, entre outros. Porque depois de tanto trabalho, pode ser que toda a tecnologia usada (na configuração) mude num futuro próximo.