Recuperando a esperança durante o luto - II

Praia de Tabatinga, em 2004

Lili, sinto muito a sua falta.

E tenho aprendido muito com você, com o luto e com a vida. Eu não te valorizava o quanto devia. Não gostava quando você tirava várias fotos e mais fotos. E hoje elas me fazem relembrar tantos momentos das nossas vidas, graças a sua insistência. Porém muito mais do que isso...

Já são quase cinco meses e parece ter sido uma fase de choque. Antes era difícil para alguns não se sentirem mal quando ficavam alguns minutos num trânsito, ouvindo buzinas, andando por entre pessoas estranhas na orla, no shopping, na rua, num evento ou em data comemorativa.

Eu não sei como é perder alguém como você, da mesma forma como sua irmã e seus pais, mas de perto talvez saiba, porque ela é minha esposa e eles são meus sogros. Entretanto, tenho visto como é importante "viver o luto", não deixando ser uma experiência obscura, sem saída, como se fosse o fim de tudo:
"Na realidade, não se deve esquecer a pessoa amada, nem a manter no mesmo lugar vital. O objetivo não é esse, mas sim reestruturar o tipo de vínculo e a forma de relacionar-se com ela, tomando consciência realista daquilo a que se deve realmente renunciar (a presença física e todas as suas implicações) e ao que não (o significado no coração e na própria história)" (BERMEJO).
Você me ensinou na vontade o que Jesus me educou na mente: a vida é frágil demais para negligenciá-la, desconsiderando a eternidade do amor de Deus na obra de seu Filho.

E tudo isso irá impactar diferente em minha família, relacionamentos, decisões para os próximos anos e em minhas prioridades.

Obrigado Senhor pela graça da vida de Lili em minha vida. Que eu possa canalizar tal culpa em amor para os que precisam aqui, em vida (a "culpa reparadora" segundo José Carlos Bermejo).

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