Não precisa optar entre conhecer totalmente ou ignorar absolutamente

Tem um livro pelo qual particularmente sou fascinado, do Francis A. Schaeffer: "O Deus que se Revela" (do título original em inglês: "Ele existe e não está calado").

E farei apenas a citação de alguns trechos dele para aumentar sua curiosidade.

Do capítulo "A Necessidade Metafísica":

"Deixe-me agora fazer duas observações genéricas. Primeiro, os cristãos, especialmente os cristãos evangélicos, tendem a esquecer-se disso. A filosofia e a religião não tratam de questões diferentes, embora dêem explicações diferentes e usem terminologia diferenciada. As questões básicas, tanto da filosofia quanto da religião (e etou me referindo à religião no sentido lato, incluindo o Cristianismo), são as questões do Ser (isto é, do que existe), do homem e seu dilema (da moral), da epistemologia (de como o homem adquire conhecimento)".

"A única resposta para o problema metafísico da existência é que o Deus pessoal infinito existe".
"Concluindo, o ser humano, começando por si mesmo, pode definir o problema filosófico da existência, mas não pode gerar por si mesmo a resposta e ao problema. A resposta a este problema da existência é que o Deus pessoal infinito e trino existe, e que Deus pessoal infinito e trino não está em silêncio".

Do capítulo "A Necessidade Moral":
 
"Entretanto, se houve uma origem pessoal do homem, se o homem foi criado por um Deus pessoal, há uma segunda possibilidade. Isto é, que o homem, como é agora, não é o que foi um dia; o homem está em descontinuidade com o que ele há foi um dia, em oposição a estar em continuidade como o que ele sempre foi. Ou, para expressá-lo de outra forma, o homem é hoje anormal - ele mudou".

"Os evangélicos muitas vezes cometem um grave erro hoje em dia. Sem o saber, eles passam a adotar uma posição bastante fraca. Eles muitas vezes agradecem a Deus em suas orações pela revelação que temos de Deus em Cristo. (...) Mas ouço bem poucos agradecimentos dos lábios dos evangélicos de hoje pela revelação proposicional na forma verbalizada que temos nas Escrituras. De fato, Deus não deve somente existir, mas ele também deve ter falado. Deve ter falado de forma muito mais do que meramente apelativa para experiências extraordinárias e emocionais. (...) Ele nos contou tudo acerca do seu caráter, porque seu caráter é a lei do universo".

Do capítulo "A Necessidade Epistemológica - O Problema":

"A situação atual é uma situação que nos leva, no campo do racional, a fórmulas matemáticas e ao homem como máquina e, no campo do não-racional, a todos os tipos de misticismos irracionais".

"Aqueles que têm surgido nos últimos pares de décadas encontram-se bem aqui no campo da epistemologia. O maior problema de todos não é, por exemplo, o das drogas ou amoralidade. O problema encontra-se no âmbito do conhecimento. Esta é uma geração de pessoas antifilosóficas, presas por uma profunda incerteza no campo do saber."

Do capítulo "A Necessidade Epistemológica - A Resposta":

"De acordo com o posicionamento judaico-cristão e da Reforma em geral, acreditamos que existe alguém com quem conversar, e que ele nos transmitiu informações de dois tipos. Primeiramente, ele falou sobre si mesmo, não exaustiva, mas verdadeiramente; e, em segundo lugar, ele falou sobre a História e o Cosmos, não exaustiva, mas verdadeiramente".

"A coisa mais surpreendente é que Heidegger e Wittgenstein, dois dos maiores nomes no campo da epistomologia moderna, entenderam que a resposta deve encontrar-se no campo da linguagem, mas eles não tinham ninguém com quem conversar".

"Mas o posicionamento cristão parte de um outro conjunto de pressupostos, que diz que há uma razão para uma correlação existente entre sujeito e objeto. Agora, é interessante notar que isso não vai contra a experiência humana. Isto é, pelo menos, o que diz a experiência de todos os homens. Se fosse alguma coisa mística, religiosa que alguém oferecesse como um ciclo vicioso completamente fora da realidade e sem meio de verificação objetiva, realmente não passaria de mais um castelo nas nuvens".

"Os homens modernos dizem que não há amor, mas apenas o sexo, no entanto estão amando."

"O cristão não precisa optar entre conhecer totalmente o mundo externo ou interno, ou ignorá-los absolutamente. Não devo ter a expectativa de conhecer o outro humano perfeitamente, porque sou finito. Mas posso esperar que as coisas que conheço se encaixem, porque, afinal de contas, foi um único e o mesmo ser que criou tudo isso. O ponto forte do sistema cristão - a sua prova de fogo - encontra-se no fato de que tudo se encaixa sob a máxima de um Deus pessoal e infinito que existe, e trata-se do único sistema do mundo em que isto acontece. (...) Esta é a razão porque eu sou um cristão e deixei de ser agnóstico".

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