Mais um mito na política: neutralidade


Misturar não é como dissolver. Numa mistura (heterogênea, na verdade), as diferentes substâncias não perdem suas propriedades quando juntas. Elas se somam e não se dissolvem. Água e óleo, por exemplo.

Em muitas coisas da vida, na política ou no trabalho evitamos certas "misturas" por que alguns acreditam que uma "substância" pode afetar a outra. Mas numa mistura heterogênea isso não acontece, porque as diferenças permanecem!

Na política, o problema não é quando há essa mistura, mas um solvente (numa mistura homogênea). Aí o outro desaparece para que um permaneça (sem você perceber às vezes). Se a religião é o solvente, então voltamos a uma teocracia e perdemos a democracia. Porém se a política é o solvente, então nada mais falso ou demagogo, já que o político deve representar grupos de pessoas com seus valores, crenças e comportamentos (o respaldo da maioria) nos limites a Constituição, sem injustiçar os outros grupos.

Então como analisar a propaganda da #LucianaGenro: "não misturo religião com política"? Então ela mistura sua política com o quê?

Antes de responder, pense agora nos candidatos que usam o título "padre", "médico", "professor", "irmão", "amigo" etc. Vamos excluir todas misturas? Ou se está apenas sendo seletivo no que agrada ou não pessoalmente?

Não estamos falando de algo similar ao mito da neutralidade dada aos juízes do Judiciário? Eles buscam ser imparciais mas são neutros de valores e crenças? E como são imparciais mesmo não sendo neutros?

Ora, o mesmo não vale aos chefes do Executivo? E em muitas coisas da vida?

Cuidado com a demagogia! Nem o ateísmo é ausente de valores e crenças (apenas de divindade).

#PastorEveraldo é ridículo para mim (desculpe quem vota nele), como pessoa mesmo (nem preciso chegar no candidato), contudo não esconde sua mistura nem atrás de um mito.

#Marina também tem suas crenças religiosas, e não esconde isso, entretanto deixa bem claro até aonde elas vão: para somar, como verdadeira mistura.

O PONTO AQUI não são os candidatos,  usados como exemplos oportunos nessa época de eleição. O ponto é você ainda acreditar que não há ou não pode haver misturas heterogêneas na natureza da vida, em seu trabalho, seus relacionamentos, na política, etc.

Pense melhor e não deixem te usar como mais um idiota útil. 

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