Entre a definição de ladrão em Aristóteles e a definição de adúltero em Jesus


A expressão "em seu coração cometeu" muitas vezes gera confusão, e até má aplicação ética, quando não se sabe bem em que contexto isso se diz.
"Por vezes definimos, não o objeto, mas o objeto em condições boas; quando definimos ladrão como o que rouba em segredo; é claro que, sendo assim definido, será o bom ladrão, embora na verdade o ladrão seja, não o que rouba em segredo, mas o que deseja roubar em segredo, que é ladrão" (Aristóteles, Tópicos, VI, 12).
"Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela" (Mateus 5:27,28).
Muitos apresentam dificuldades em entender essa passagem, como se estivesse afirmando que uma transgressão em potencial ("no coração") estivesse de fato ocorrendo, ampliando assim sua definição. No entanto, Jesus estava posicionando o transgressor ("qualquer"), em seu devido lugar, por definição - não a transgressão. Dessa forma, estava restaurando os lugares do bom transgressor e do transgressor, não da transgressão.
(Cuidado com a noção de "bom" empregada aqui)
É preciso compreender esse contexto do jogo verbal "cometer em seu coração", para não dizer por aí que existe pecado por pensamento ou por intenção, mas pecador, o que alerta para algo bem mais significativo, dentro da ética.
Eis aqui alguns exemplos do problema.



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