Entendendo a maturidade e a intimidade espirituais


É comum no meio evangélico algumas pessoas defenderem a participação em manifestações sobrenaturais como sinônimo de maturidade ou intimidade espiritual. Essas pessoas são conhecidas por viverem num "nível" superior de espiritualidade. No entanto, biblicamente a coisa não tem tanto fundamento assim.


A ideia de intimidade não está ligada com tais experiências, mas com caráter: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (II Co 3.18). À medida que nos tornamos mais conforme a imagem de Cristo nos tornamos mais íntimos de Deus. E como ser conforme a imagem de Cristo? É crescer na prática da oração, do louvor, da adoração, do caráter cristão, das boas obras, do uso dos dons e da santidade.


Aliás, atestar ou confirmar a veracidade da fé com experiências sobrenaturais é tomar uma via perigosa, pois: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mateus 7.22, 23).

Já a maturidade, Paulo usou a expressão “meninos em Cristo” para os coríntios por não suportarem o “alimento sólido” (I Coríntios 3.1-4), pois por serem ainda “crianças” como no princípio (3.1) eles não haviam ainda entendido as implicações da cruz. O próprio fato de que estavam gloriando-se em Paulo, Apolo e Cefas era evidência clara disso (3.4).

A falta de crescimento no entendimento das coisas de Deus gera a incapacidade de suportar o “alimento sólido”, por isso a analogia de Paulo entre o entendimento de uma criança e de um adulto.

“Quanto a isto, temos muito que dizer, coisas difíceis de explicar, porque vocês se tornaram lentos para aprender. De fato, embora a esta altura já devessem ser mestres, vocês precisam de alguém que lhes ensine novamente os princípios elementares da palavra de Deus. Estão precisando de leite, e não de alimento sólido! Quem se alimenta de leite ainda é criança e não tem experiência no ensino da justiça. Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para discernir não somente o bem mas também o mal" (Hebreus 5.11-14).

Resumindo:

1. Maturidade é o padrão, a regra a ser obedecida por todos;

2. A “criança” não tem experiência para a prática da justiça;

3. O “adulto” discerne tanto o bem como o mal.

Ninguém se torna maduro na fé por causa da idade, como se capacidade natural fosse requisito (seguro) para capacidade espiritual, e sim “pelo exercício constante” de crescimento no entendimento das coisas de Deus. Aliás, não há só exemplo de pessoas adultas “adultas na fé", como também há pessoas adultas “crianças na fé", como no caso dos coríntios, e jovens ou adolescentes “adultos na fé" como foi na igreja de Charles H. Spurgeon.

Referências

1. SANTOS, Valdeci dos. O "Crente Carnal" à Luz do ensino de John Owen sobre a Mortificação. Artigo eletrônico da Internet.

2. LOPES, Augustus Nicodemus. Paulo e os "Espirituais" de Corinto. Artigo eletrônico da Internet.

3. SELPH, Robert B. Os Batistas e a Doutrina da Eleição. São José dos Campos: Fiel, 1995, p. 104.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Leituras: Psicologia Cognitiva - Robert J. Sternberg

Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ Λόγος, καὶ ὁ Λόγος ἦν πρὸς τὸν Θεόν, καὶ Θεὸς ἦν ὁ Λόγος. (Como Deus e não Deus?)

Tradução e comentários de Lucas 20:34-38 - os filhos deste e daquele mundo