Mais um chaveiro: Aquiles e Edith


Tenho agora mais um chaveiro e o amor mais uma vez me surpreendeu. De fato, não há um padrão, uma condição, um tempo, uma experiência, uma relação, uma lei ao nosso entendimento para o amor. Basta apenas existirmos.
Certo dia, antes do meu casamento, meu pai havia me dado um chaveiro para fazer propaganda de seu escritório. Preferia algo mais discreto e menor. De qualquer forma, juntei com outras coisas realmente importantes: as chaves da minha casa, do meu trabalho e da casa dos meus pais. Então, o chaveiro ficou ali, fazendo mais peso e sem valor algum.
Contudo, tenho um amor indescritível pelo meu pai. Talvez, descrevendo o prazer que tenho da presença dele, possa ter uma idéia. Sinto uma “doce agonia”, uma “paz anestesiante” quando o vejo fazendo coisas naturais do dia-a-dia: jogando futebol, falando sobre Direito, das aulas da faculdade... Eu sempre o beijo e o abraço como se acabara de reencontrar a amada perdida de longos anos. Se eu pudesse, “namoraria” meu pai a todo instante.
E não foi a ligação biológica a causa deste amor. Só há pouco mais de cinco anos é que redescobri meus pais, acredito pela graça de Deus. Até então éramos uma relação cívica de criador e criatura. Mas como filho, redescobri a amar e sentir amado pelos meus pais. Agora, tudo mais é usufruto. Não há mais o que reconquistar, provar, perdoar, reparar, construir, conhecer. Apenas conviver. O amor me surpreendeu.
O chaveiro é agora a ponte até a alma do meu pai. Todos os dias, quando a toco, quando a vejo, sinto o meu pai. E a dor da saudade não mais me adoece tanto. Aquelas outras chaves agora fazem peso e apenas refletem o valor de algo temporário, consumido pelo tempo.
A vida realmente é uma seqüência de oportunidades para colecionarmos chaveiros. Vocês são agora avós amados por mim.

Comentários

Aislan Fernandes disse…
Descanse em paz meu querido chaveiro. Sentirei muita falta... :(

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