Marionete sentimental
Marionésio certa vez encontrou um garoto colocando pedras nos lugares onde colocava sementes de árvores. Então Marionésio questionou: “O que está querendo fazer garoto?”. O inocente honesto garoto respondeu: “Não posso subir nessas altas árvores para colocar essas pedras no alto delas, mas posso colocar as pedras onde coloquei as sementes para quando as árvores crescerem levarem as pedras para consigo para o alto”. A árvore nunca estará no controle do menino. Nem enquanto semente nem quando claramente enorme. Controle inacessível em qualquer momento. Marionésio sentou e observava a plantação do garoto.
                  Quem pode controlar os sentimentos? Quem pode definir cada sentimento?                  Quem conhece a procedência e essência dos sentimentos?                  Por quê temos afinidade com uns e não com outros?                  Quando menos imaginamos nossos sentimentos mudam, da água                  para o vinho. Ora, o tempo dos homens, dia, mês, ano, não                  é o tempo dos sentimentos. O amor obedece a uma lógica                  conhecida por homens? Questionamentos de Marionésio enquanto                  observava o tolo garoto tentando alcançar o alto das árvores                  pelas sementes.
                  Pecar. Querer pecar. “O mal que não quero fazer esse                  faço”. Inconstante mal em nossas veias. Quem pode                  prever sua chegada? Não escolhe lugar, tempo e situação.                  Lembrava Marionésio de um escrito de um tal de Paulo.
                  Quem nega um incipiente mal, quem coloca uma pedra sobre uma semente,                  reprime uma bola de neve crescente, nunca verá a pedra                  sobre o alto da árvore. Um dia será incontrolável,                  uma alta árvore. Divina estratégia, tola estratégia.                  Ninguém pode dominar sobre a força da árvore.
                  Quem obedece a um incipiente mal, quem coloca uma pedra no alto                  inacessível de uma grande árvore, é um escravo,                  cai antes de chegar no alto, é um tolo. É um animal                  irracional, faz o sentir sem distinguir a natureza do sentir.                  Não importa. É irracional. A natureza do sentir                  revela a natureza do efeito do sentir consumado. Conhecemos a                  natureza do sentir. Não somos irracionais. Negar é                  colocar a pedra sobre a semente.
                  Deus. Quem não se limita à gravidade pode colocar                  a pedra no alto da árvore. Quem conhece o tempo e o frio                  e não obedece à gravidade tem o controle de todas                  as coisas. Um ser pessoal e infinito. Único refúgio                  para deter a avalanche de uma pequena bola de neve.
                  Marionésio estava numa encruzilhada. Estava tomado por                  um prazer da presença de outrem que chegou sem avisar.                  Não escolheu lugar, tempo e nem situação.                  Nada sabia ainda do outrem, do prazer da presença do outrem.                  Qual a procedência e essência desse prazer? Negar                  ou se entregar? Colocar a pedra por cima da semente ou esperar                  o inacessível alto da árvore? Sem saída.                  Qual tolo pode controlar tais sentimentos? A resposta deve vir                  de quem não está limitado em lugar, tempo ou situação.
                  Subitamente Marionésio então chamou o garoto e disse                  ter uma idéia para resolver de o problema deles: “Por                  quê não pensar e agir conforme o crescimento da árvore?                  Por quê em vez de um tolo controle não construir                  algo de apoio paralelo ao crescimento da árvore? Assim                  quando a árvore alcançar o tamanho desejado você                  pode colocar a pedra no alto apoiado em algo de mesmo tamanho”                  O garoto saltou de alegria. Adquiriu liberdade para viver e não                  mais se angustiar. Nasceu de novo.
                  Marionésio então voltou para casa e disposto a começar                  um novo relacionamento. Livre, sem medo, pensando e agindo conforme                  o que sente, sem negar cegamente e sem se entregar irracionalmente.                  Reconhecia ser uma marionete se seus próprios sentimentos,                  mas não imporrtava enquanto se alegrava em saber da racional                  finitude de seu ser e do pessoal e infinito refúgio transcendente                  ao seu ser.

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